Viajar de forma independente, Sim ou Não?
Trolltunga, o local que me fez montar todo o programa da Noruega
Cada vez que escolho um destino esta é a primeira pergunta que faço e salvo algumas situações muito especiais a resposta é sempre "Sim".
Gosto da Aventura, da Autonomia, da Exploração, do Planeamento, da Liberdade e da Flexibilidade.
Fujo das excursões, das multidões, dos horários rígidos, dos produtos turísticos massificados, das armadilhas dos guias turísticos tradicionais, dos alojamentos com tudo incluído.
Naturalmente, viajar de forma autónoma obriga a investir algum/muito tempo na definição do programa, na organização da viagem e se for necessário na elaboração de um "Road Book" com todos os pormenores e informações importantes.
Para isso há que ter espírito de aventura, sentido de responsabilidade, conhecer os riscos desta opção, ter disponibilidade, mas acima de tudo vocação e fazê-lo por gosto.
Costumo dizer que uma viagem para a vivermos na sua plenitude tem de ser dividida em 3 fases:
A Preparação da viagem, fase em que pensamos,
planeamos e pesquisamos tudo o que possa ser útil para a viagem. Por vezes em
função da complexidade do programa pode levar mais de 6 meses, o que nos faz
viajar por antecipação sem sair de casa, mas que principalmente tem a grande
vantagem de nos enriquecer culturalmente e preparar para apreciarmos muito
melhor tudo o que iremos ver.
Capa
do "Road Book" que fiz para a viagem à
Noruega
A
segunda fase é naturalmente a viagem em si, onde deveremos ter a preocupação de
manter o equilíbrio entre o plano que traçámos e as necessárias improvisações
que sempre surgem, infelizmente esta é normalmente a fase mais curta…
Por fim a terceira fase é aquela onde organizamos os nossos registos e memórias da viagem, seja sob a forma de fotografias, vídeos ou textos e que nos fazem no imediato ou anos mais tarde voltar a viajar e a recordar esses momentos. É também esta fase que nos permite partilhar as nossas experiências com todos aqueles que também são apaixonados pelas viagens.
Em casa, mas de "regresso" à Noruega enquanto escrevia o meu relato de viagem
Tenho de confessar que para mim a primeira fase é aquela onde sinto que mais ganho, pois para além do valor da grande quantidade de informação a que tenho acesso, esta é determinante para fazer as escolhas certas quando elaboramos o programa.
Para podermos viver plenamente esta primeira fase da viagem e para que a mesma faça sentido, temos de estar a planear uma viagem independente.
De forma resumida, como deve ser montada uma viagem destas?
Depois de escolhido o destino devemos fazer uma primeira versão do programa com os principais locais a visitar para determinar quantos dias vamos necessitar e para isso um bom guia de viagens é indispensável. Para mim os mais completos são os "Lonely Planet".
Com essa informação podemos começar pelo mais importante, comprar os bilhetes de avião com a maior antecedência possível e através das plataformas on-line onde podemos beneficiar de grandes descontos.
Na generalidade das minhas viagens o passo seguinte é a reserva de uma viatura de aluguer para garantir a indispensável independência e flexibilidade.
De seguida e com a viagem garantida (avião e carro) devemos voltar à pesquisa utilizando as muitas ferramentas disponíveis na internet, tais como Google maps, sites oficiais do turismo do país, sites oficiais dos locais a visitar, entre muitos outros.
Esta pesquisa é muito importante, pois há várias atividades e atrações que requerem reservas de bilhetes com antecedência, não só para garantir disponibilidade como também para termos alguns descontos.
Com o programa já definido, sabendo tudo o que queremos visitar ou fazer, conhecendo as distâncias e tempos de condução podemos passar à questão da escolha dos locais onde vamos dormir e aí procurar os melhores alojamentos.
Utilizando qualquer uma das muitas plataformas tipo "Booking.com", encontrar alojamentos adequados ao nosso programa não será difícil nem dispendioso.
Nesta fase do processo o nosso "Road Book" já deve estar quase completo com toda a informação. Voos, locais de levantamento e entrega da viatura, moradas dos alojamentos, das atividades e atrações bem como preços e horários, distâncias a percorrer entre locais, etc.
Para além da elaboração de um "Road Book" com o máximo de detalhe possível, recomendo fortemente também a utilização de alguma aplicação que seja off-line para não se consumir dados durante a viagem.
Eu utilizo há muito anos o "maps.me" que além de gratuita e off-line permite colocarmos todos os "pin's" que quisermos no mapa, identificando assim todos os locais que integram o nosso programa, podendo acrescentar ainda outros locais muito úteis, como restaurantes, supermercados, bombas de gasolina, parques de estacionamento, etc.
No meu caso algumas das minhas viagens já foram montadas em volta de uma simples fotografia que me surgiu numa pesquisa na net, à qual a minha reação foi imediata:
"Tenho de ir conhecer este local…"
Muitas vezes esta reação só se consegue concretizar através de uma viagem independente.
É verdade que estes tipos de viagens dão mais trabalho e teremos de assumir alguns riscos adicionais, mas as vantagens são muitas mais e permitem uma experiência pessoal mais rica, com maior interação com a comunidade local, seguindo com flexibilidade um programa feito completamente à medida e em função dos nossos interesses e prioridades.
Pessoalmente, a maior de todas as vantagens é podermos ser os guias de nós próprios, confiando na pesquisa e no trabalho de preparação da viagem que fizemos ainda em casa.
É isso que mais nos enriquece.
Aceite o desafio. Escolha um destino, planeie a viagem e parta à Aventura…
Rodrigo Nascimento, agosto 2023.