Troncos que não conseguimos abraçar

Há um movimento em curso para preservar árvores centenárias, tão largas que ninguém consegue abraçá-las sozinho.

É urgente mapear e salvaguardar estes gigantes verdes que vão sendo destruídos por motivos urbanísticos, para utilização agrícola dos solos, ou por outros quaisquer motivos.

Um artigo no Público de 28-05-2021 da autoria de Patricia Carvalho e fotos de Adriano Miranda relata o trabalho do biólogo João Gonçalo Soutinho que permitiu identificar só no concelho de Lousada 7400 exemplares destas árvores, 450 das quais foram destruídas desde o seu mapeamento em 2018.

O trabalho deste biólogo não se limitou ao levantamento da situação e sensibilização para o problema, pois criou com a Câmara um Regulamento Municipal de Gestão do Arvoredo em colaboração com a Câmara Municipal que, confere protecção às árvores de grande porte.

Mas foi ainda mais longe e a Associação para a Conservação Integrada da Natureza a que pertence, convida qualquer cidadão a preservar este património, bem como, a contribuir para a plantação de novas árvores.

A mudança de mentalidade da população e a consciencialização ecológica não se fazem de um dia para o outro, mas todos podemos ajudar a manter e melhorar a biodiversidade.

Surpreenderam-me os números associados a este projecto e ao potencial impacto do mesmo.

O carvalho de Alvarenga por exemplo, é uma árvore com 17 metros de altura e 3,83 metros de perímetro que sequestra anualmente 24,8 kgs de carbono, produzindo no mesmo período 66,3 kgs de oxigénio e 15 micro-habitats. À sua volta existem escorrências de seiva, cavidades usadas por insectos e aves.

Estas árvores não são apenas frondosas e bonitas à vista, são elas próprias uma fábrica de vida.

Se lhe interessa o tema, fique sabendo que há um crowfunding em curso e que pode saber mais em (https://ppl.pt/causas/verde).

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Referência: Há "gigantes verdes" à espera de ajuda para continuarem de pé - Jornal Público; Sociedade e Ambiente, 28 de Maio de 2021 (20-21).

José Aleixo Dias  [1]

[1] O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico