Testemunho de Paula Silvestre
Desde criança que tinha o sonho de ser cantora lírica. Queria tanto, que quando me tiraram esse sonho, a minha vertente artística secou. Durante a adolescência virei costas a qualquer arte performativa. Até que resolvi experimentar o Teatro na minha Faculdade de Ciências com o António Capelo. Experimentei e gostei de tal maneira que nunca mais parei.
O Teatro é desde essa altura um grande amor na minha vida. Não sei explicar bem porquê, mas sou viciada.
Gosto enquanto espectadora e adoro enquanto participante / actriz de um projecto. É das actividades que tenho a que mais me fascina, a que mais me encanta, a que mais me atrai... a que mais me enche!
O ranger de um palco, o nervoso antes de cada espectáculo, os ensaios e a contracena atraem-me e fascinam-me nesse Mundo fabuloso do Teatro.
Confesso que o que gosto mesmo é do processo de criação das personagens.
Gosto das viagens até à estreia, dos ensaios e da composição.
E o caminho, curiosamente, é também quase sempre igual para mim.
Começo muito confiante, a meio perco toda a confiança em mim e na personagem e nas últimas semanas volto a um percurso de ascensão na confiança.
Não consigo explicar. Não é por falta de entrega, não é por falta de empenho, mas é sempre assim.
Costumo dizer que ninguém faz teatro com "jeitinho". Sem trabalho e muito estudo não se consegue fazer nada. Não basta decorar um texto; temos que conseguir interpretá-lo com as palavras, com o corpo, com o olhar, com o silêncio...
Até parece muito fácil! Quando vamos a um espectáculo e vemos da plateia a Carmen Dolores a ser fabulosa (impossível de esquecer mesmo que já não a possamos ver), ou quando vamos ao cinema e vemos uma actuação quase perfeita de Jeremy Irons, pensamos (ou pelo menos eu penso) que parece fácil e que só nos falta a oportunidade.
Erradissimo!!!
Para conseguir ser bom em qualquer coisa, incluindo na arte da representação, é preciso muito trabalho, muito esforço e também muita formação, direcção e aconselhamento. Por isso faço, sempre que posso, Cursos e WorkShops que me consigam dar algumas ferramentas para que o meu esforço pessoal seja cada vez menor.
Tive a sorte de ter encontrado grandes encenadores/as e directores/as ao longo do meu percurso que me têm dado essas ferramentas e com quem tenho aprendido muito.
E vou continuar, porque ainda tenho muito caminho 😊
Paula Silvestre, agosto 2023.
As peças em que participou foram muitas. As que mais a "tocaram":
- O Cavaleiro sem Medo de Francisco Nicholson
- O Pedido de Casamento de Tchekhov
- A Casa de Bernarda Alba de Garcia Lorca
- O pesadelo do Actor de Christopher Durang
- Gianni Schicchi baseado na ópera de Puccinni
- Sonho de Uma Noite de Verão de Shakespeare