Tenho mais de 65 anos mas ainda posso estar de pé!
A verdade é que não aprecio muito que me ofereçam o lugar para me sentar. Nem no autocarro, nem no metro, nem no comboio... Só porque tenho 65 anos: sou sénior.
Acho que todos nós somos a favor da educação, e qualquer pessoa que nos pareça cansada, tenha uma deficiência, tenha uma criança pela mão ou ao colo, transporte uma mala pesada, devia ter um lugar sentado assegurado, ou seja, alguém que que se assegure que tal acontece. Mas uma pessoa que não se enquadre em nenhuma das situações anteriores, só porque os cabelos brancos ou a aparência lhe dão a garantia de ter mais de 65, não deveria ser motivo para receber tal gentileza.
Na verdade, a ligação que é feita de que uma pessoa de certa idade é velha, está completamente fora do seu tempo. Estas percepções, assunções, são preconceitos, estereótipos, que não têm qualquer fundamento nos dias de hoje. Os meios de comunicação social, a publicidade, só para dar exemplos, ainda têm um longo percurso a fazer nesta matéria, contribuindo de forma positiva para mudar a imagem de que ter 65 anos é ser velho.
Claro que reconhecemos que nem tudo no nosso organismo está igual, ou melhor, do que quando tínhamos 20 anos. Mas a maior parte das "peças" do nosso corpo estão muito bem, especialmente neste século, em que temos longas vidas à nossa frente e ideias bem claras sobre como queremos viver todos os restantes anos que a vida nos ofereça. Comprometidos, cheios de genica e vigor, de pé e a andar depressa.
Obrigada a todos os que nos oferecem um lugar para nos sentarmos. Às vezes bem precisamos dele, sobretudo quando vamos ao supermercado e o nosso entusiasmo nos leva a parecer verdadeiros "burros de carga" a caminho de casa.
Mas isso tanto acontece connosco,
como com os mais jovens, e nesse caso, também a eles teremos todo o gosto em
oferecer o nosso lugar.
Teresa Marques