Tempo, um bem precioso
Na vida profissional o tempo é curto! É curto para aquilo que mais gostamos, apesar dos nossos esforços em rentabilizá-lo, e, no entanto, é longo, demasiado longo para as tarefas por vezes pouco produtivas ou úteis que nos impõem e que temos de cumprir.
À medida que avançamos na idade, o fator "tempo" muda de significado! Passa a assumir uma importância crescente e temos a sensação da urgência de aproveitar o melhor possível cada minuto que passa e tirar dele o máximo proveito.
Quando numa vida profissional estável e ativa, somos surpreendidos, repentinamente, com a sugestão por parte da entidade empregadora de uma passagem à situação de pré-reforma, o mundo para!
Todos os valores e referências desabam ...
É tempo de passar em revista a história e o presente e tomar decisões.
Estes sinais que nos abalam e que nos tiram do comodismo instalado, conduzem, por vezes, a um ponto de viragem na nossa vida e obrigam-nos a "mudar as agulhas" e assumir um novo rumo, na maior parte das vezes, bem mais feliz.
Os primeiros tempos da nova realidade são estranhos ...
Por um lado, a sensação do dever cumprido! Por outro lado, alguma sensação de culpa por termos abandonado um barco sem evidente necessidade e antes da idade própria. E ainda, a liberdade de ter todo o tempo do mundo disponível para o aproveitarmos como entendermos ...
Há que avançar, definindo quais as nossas prioridades e quais os nossos investimentos. É importante perceber o que gostaríamos de fazer, ou fazer melhor. Quais as nossas potencialidades, vocações, interesses, paixões, curiosidades ...
O importante é avançar, não esmorecer, mantermo-nos ativos e informados e agarrar esta nova fase de vida como um desafio, uma oportunidade, na qual nós somos os atores principais, mas também, e, pela primeira vez, os definidores do cenário de enquadramento.
A primeira tentação é aproveitar todas as oportunidades, integrar todos os projetos, angariar todos os amigos, dedicar toda a atenção à família, pôr em ordem tudo o que aguardava há anos...
Mas cuidado! Corremos o risco de preencher o nosso tempo com tantas atividades e iniciativas que passamos a ter uma agenda tanto ou mais preenchida que a da nossa anterior vida profissional.
E eis-nos de novo prisioneiros do fator tempo!
É frequente questionarmo-nos: "Como é que eu antigamente tinha tempo para trabalhar?"
Nesta fase, é necessário parar e repensar o que pretendemos. Encontrar novamente tempo para nós próprios! Identificar aquilo que nos vai dar qualidade de vida!
Descartar o que não interessa, relativizar e definir objetivos e linhas de ação que nos conduzam aquilo que verdadeiramente ambicionamos: aproveitar ao máximo a vida, ser felizes e contribuir para a felicidade dos que nos rodeiam.
Afinal, nós somos agora os Senhores da situação ....
Isabel Cunha de Eça