Vamos reduzir os custos com a Energia

16-04-2021

O consumo de energia nas nossas casas pode ser significativo e obrigar-nos a pagar, todos os anos, valores da ordem dos 1 000€ (para uma habitação do tipo T2 ou T3) ou da ordem dos 2 000€ se vivermos numa habitação unifamiliar do tipo moradia ou vivenda.

Assim, é importante procurarmos impor comportamentos que conduzam à redução dos consumos da energia com a consequente redução da nossa factura energética cujo valor pode atingir, facilmente, valores dos 30€ a 50€ por mês, para além de contribuirmos para a redução das emissões dos gases de efeito de estufa e para a melhoria do nosso ambiente.

O consumo de energia (gás e electricidade) nas nossas habitações reparte-se, aproximadamente, da seguinte forma:

  • Conforto térmico [1]  - 30%
  • Iluminação - 25%
  • Frigorífico - 15%
  • Águas quentes sanitárias - 10%
  • Som e Televisão - 5%
  • Outros diversos [2] - 15%

Este pequeno e simples artigo, tem como objectivo fornecer algumas ideias, para alteração de comportamentos, que permitem, por si só, reduzir substancialmente o consumo de energia e consequentemente a nossa factura energética.

1 - CONFORTO TÉRMICO

O conforto térmico (aquecimento e arrefecimento dos locais) pode ser obtido através de várias tecnologias disponíveis no mercado. A mais eficiente é a utilização do chamado "ar condicionado" na tecnologia "bomba de calor inverter". Esta solução tem uma eficiência 3 ou 4 vezes superior aos sistemas estáticos conhecidos, como seja o aquecimento eléctrico tradicional.

A forma mais simples de reduzir o consumo de energia, quer para aquecimento quer para arrefecimento, é a correcta regulação da temperatura que pretendemos seja atingida no local a condicionar. 1 ⁰C de diferença pode representar até 10% do consumo de energia desse equipamento.

Então, recomenda-se que a regulação de temperatura seja a seguinte:

  • Temperatura de aquecimento (Inverno) - 20 a 22 ⁰C
  • Temperatura de arrefecimento (Verão) - 24 a 26 ⁰C

É importante colocar os aparelhos de ar condicionado em locais que não sejam atingidos pelo sol ou onde se verifique uma boa circulação de ar. Deve ser, sempre, escolhida a parede fria do local, isto é, a parede que pertence à envolvente exterior, para instalar o aparelho de ar condicionado.

2 - ILUMINAÇÃO

A iluminação dos locais, nas habitações, é tradicionalmente conseguida através de lâmpadas incandescentes ou de halogéneo. Hoje em dia existem tecnologias de iluminação muito mais eficientes e com uma qualidade luminotécnica muito elevada. Trata-se da tecnologia LED (Light Emitting Diode) cuja eficiência é muito elevada.

A substituição das suas actuais lâmpadas por lâmpadas LED pode induzir uma redução dos consumos de energia eléctrica da ordem dos 80 a 90%.

Recomenda-se que use lâmpadas de 5 a 7 W (Watt) e com uma temperatura de cor inferior a 3 000 K (Kelvin).

Outra "dica" muito simples (mas que funciona) é manter as luzes desligadas nos locais onde não está ninguém. Este é um recado, basicamente, direccionado aos mais jovens.

Os aspectos mais importantes a ter em conta na compra de um sistema de iluminação são:

Temperatura de cor (em Kelvin, K) - valor que determina se as fontes/lâmpadas produzem luz quente ou luz fria. Nem todos os espaços requerem o mesmo nível e tipo de luz, por isso, é importante ter em conta que, em ambientes mais descontraídos e de convívio, como na sala ou no quarto, a luz deve ser de cor mais baixa (luz quente com temperaturas entre os 2 700 K e os 3 000 K). Já em ambientes onde é necessária mais luz, como na cozinha ou na casa de banho, pode utilizar uma luz de cor mais elevada (luz fria com temperatura entre os 4.000K e os 5.000K).

Índice de Restituição de Cor (IRC) - forma como os objectos surgem sob o efeito de uma luz branca. A escala deste parâmetro varia entre 0 e 100. Quanto mais elevado for o IRC, menor a distorção de cor de um objecto - uma fonte de luz com IRC superior a 80 é excelente para a reprodução da cor do objecto.

Potência do equipamento (em Watt, W) - no caso das lâmpadas incandescentes, a potência pode variar entre os 40 W e os 75 W, e no caso dos LED, para obter a mesma quantidade de luz, é necessária uma potência entre os 4 W e os 7 W.

3 - FRIGORIFICO

A conservação dos alimentos é feita em duas câmaras: a câmara de frio e a câmara de congelação.

O importante na gestão destes equipamentos é o controlo das temperaturas de conservação e de congelação.

Assim, a temperatura da câmara de frio deverá ser da ordem dos 5 ⁰C e nunca inferior a 4 ⁰C. Regule a posição do termostato do frigorífico para uma posição inferior à central e verifique se o frio produzido é suficiente, com a ajuda de um termómetro simples de fácil aquisição e barato.

A temperatura da câmara de congelação deve ser da ordem dos -14 ⁰C e nunca inferior a -15 ⁰C.

Outra "dica" muito simples é manter as portas de ambas as câmaras bem fechadas e pressionadas e nunca as deixar abertas para além dos tempos necessários para retirar ou colocar os alimentos.

Ao substituir o seu frigorífico antigo por um de classe A+++ poderá obter reduções acrescidas nos custos energéticos na ordem dos 100€/ano. Coloque o frigorífico ou o congelador num local fresco e ventilado, afastado de possíveis fontes de calor: radiação solar, forno, etc. Descongele o congelador antes que a camada de gelo atinga os 3 mm de espessura, desta forma, poderá conseguir reduções de consumo até 30%.

4 - AGUAS QUENTES SANITÁRIAS

A produção de água quente (para banhos e para lavagens de louça ou de roupa) é feita, normalmente, por esquentadores a gás ou por termoacumuladores eléctricos, que não se recomendam.

Aqui, também, a regulação da temperatura é fundamental para termos a água à temperatura adequada não exagerando e consumindo apenas a energia necessária.

Este controlo permite, também, reduzir o consumo de água uma vez que não é necessário misturar água fria para reduzir a temperatura. É irracional gastar energia para aquecer a água e depois juntar água fria para a arrefecer.

Assim, a temperatura do esquentador (ou do termoacumulador) deverá estar regulada para 40 a 45 ⁰C, temperatura suficiente para os banhos.

Se o esquentador (ou do termoacumulador eléctrico) não tiver regulação de temperatura visível, regule o termostato até ao mínimo e verifique se a água produzida está a cerca dos 40 ⁰C referidos.

Ao substituir o seu esquentador antigo por um novo de classe A, ou de condensação, poderá obter reduções anuais acrescidas nos consumos energéticos na ordem dos 50€ a 100€. É muito importante que os acumuladores (se existirem) e as tubagens de distribuição de água quente estejam bem isolados. Uma correcta manutenção e um bom sistema de regulação permitem poupanças totais superiores a 30%.

Com as "dicas" aqui apresentadas poderão economizar cerca de 30 a 50€ por mês, dependendo do estilo e da forma como já utiliza a sua energia e da quantidade consumida.

Cascais, 14 de Fevereiro de 2021

João de Jesus Ferreira [3]


[1] Aquecimento e arrefecimento ambiente

[2] Aspirador, ferro de engomar, micro-ondas, fogão e forno, etc.

[3] O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico