Praga-República Checa

04-02-2025

Visitei Praga três vezes, quase seguidas, há trinta anos. Tinha acabado de ser inscrita na lista do património da UNESCO em 1992, mas não tinha ainda sofrido com a afluência do turismo de massas.
Rainer Maria Rilke, escreveu que era a "cidade das cem torres". Praga é um testemunho de uma riqueza arquitetónica excecional. Todos os estilos estão representados, incluindo obras-primas góticas como a Ponte Carlos ou a Catedral de Saint-Guy, Renascença, Barroco – com muitos palácios e igrejas, no bairro de Malá Strana, e Art Nouveau e muitas criações cubistas, modernas e contemporâneas.
Lembro-me de uma cidade esplêndida que, ao cair da noite, me convidava, fosse a uma igreja, a um convento, a um palácio, ou a um castelo, para ouvir um concerto. Os ingressos eram vendidos nas calçadas, em frente dos monumentos. Os concertos duravam uma hora, entre as 18h e as 19h, a tempo para não perder o aperitivo ou caneca de cerveja, à beira do rio Vltava, antes do jantar, numa taberna animada.

Então a cidade iluminava-se, macia, numa altura, sob a neve de dezembro. Foi mágico.
Hoje, gostaria de regressar a Praga, para ver como evoluiu, e descobrir novas arquiteturas como a Casa dançante, que não cheguei a ver.
Mas sei que já não vou encontrar o cenário teatral que conheci, nem o encanto cultural e estético desta cidade, da Europa Central, onde gostei de passear e onde conheci uma excelente guia, a Stania, que muito me contou sobre a historia de Praga e da família dela, durante a segunda guerra mundial.
O receio da multidão de turistas que hoje a invade trava o meu projeto.

Termino com um poema de Rainer Maria Rilke.

Chegou novamente a hora prateada
Chegou a hora prateada,
misturada com a noite doce, metal puro
que junta à lenta beleza,
o lento regresso do silêncio musical.
A antiga terra recupera e muda :
Uma estrela pura sobrevive às nossas tarefas.
Os ruídos dispersos abandonam o dia, afastam-se
e entram todos na voz das águas

Graça Raposo