Poesia # 68 - Morrer como se viveu
Vá-se
lá saber porquê
Nos
últimos tempos
Tenho
reflectido sobre a morte.
Talvez
por ter perdido este ano a minha sogra
Talvez
por ter uma mãe muito idosa
Ou,
talvez, porque me preocupe comigo!
O fim
da vida deixa as pessoas frágeis e vulneráveis.
É a
constatação de capacidades perdidas:
O
equilíbrio, a mobilidade, a autonomia,
Para
além do decréscimo da visão,
Da
audição e do sabor.
É a
percepção do fim que se aproxima.
As coisas
já não nos interessam.
Pensa-se
apenas no que se fez ou deixou por fazer,
O que
se podia ou devia ter feito.
Mas,
agora, o tempo ganha um outro significado
Parece
já não haver tempo para nada!
Apenas
para rezar e esperar que ela chegue.
É um
tempo de aproximação
De
perdoar e pedir perdão
De
preparação e purificação interior
De
aprender a lidar com o medo.
O
contacto de uma mão diz tudo.
Já,
não são precisas palavras!