Partilha de Vidas
Por razões várias o meu Westie e eu ficámos sozinhos estas últimas semanas.
Ele fita-me com o olhar profundo naqueles olhitos escuros que sobressaem da sua pelagem branca e se afiguram permanentemente interrogativos.
E olho para ele embevecido e grato pela dádiva de uma companhia tão dócil e tão presente. Não me larga, nunca!
Ambos sentimos a falta da família que por razões de férias rumou ao Sul, mas temo-nos um ao outro.
Habitualmente vem-me acordar por volta das 5.30 horas da manhã.
Primeiro aproxima-se lentamente e fitando-me abana a cabeça para eu sentir o bater das suas orelhitas felpudas. De seguida, aborda-me com a sua patita macia e aguarda uma reacção; um gesto da minha parte.
Logo que me viro ou sento na cama, começa a abanar a cauda e... um novo dia recomeça.
Saímos a passear pela fresquinha ainda o Sol não nasceu. A rua aquela hora não tem ninguém - é toda nossa!
As rotinas estão instituídas pelo que temos obrigatoriamente que visitar os mesmos locais, mil vezes cheirados e algumas vezes humedecidos pelas necessidades naturais da espécie.
Tenho reparado porém que, agora, inala mais profundamente esses cheiros e detêm-se mais tempo a interpretá-los. Como um bom escanção, tem que permitir que a pituitária lhe forneça os elementos que posteriormente analisa na sua biblioteca de odores, decidindo então, se faz ali ou não a sua mijinha.
Prosseguimos viagem pelos verdes espaços onde gosta de esfregar as patas e dar umas corridinhas.
De regresso a casa, bebe a sua aguinha e espera no meu quarto que eu volte à cama para concluirmos o nosso descanso.
Olhamo-nos mais uma vez.
Deitado, encosta a cabecita na pata e dá um suspiro profundo fechando os olhos, em jeito de... até já!
José Aleixo Dias