Paris – Les Bouquinistes - França

04-02-2025

Não é por lhe chamarem a Cidade-Luz, ou a cidade do amor, que selecionei Paris.
Também não é porque me formei na capital francesa, e que a minha carreira profissional se fez em Paris, que a prefiro a muitas outras.
Aliás, se tivesse tido a oportunidade de viver mesmo dentro de Paris, teria recusado.
Faz parte das grandes cidades monumentais com as quais sempre mantive uma certa distância: usufruir das oportunidades profissionais, culturais e estéticas de Paris..., sim. Viver dentro, dia e noite, criar filhos…, não.
Esta ligação complexa com esta cidade foi-me fácil de manter.

Paris nunca cresceu fora do Périphérique, uma estrada circular que travou a sua expansão. E a população instalou-se fora do "caracol" formado pelos 20 bairros da capital, com meios de acesso muito bons, por transportes públicos.
Eu decidi viver sempre do outro lado do Périphérique. Perto, mas não muito, para me deliciar, quando quero, de tudo o que Paris tem para oferecer, sem sentir a pressão duma grande capital.
Paris tem tudo :
- Uma monumentalidade "haussmanienne", que a partir do século XIX, fez dela uma das capitais mais célebres da Europa.
- A história nacional, e as exposições universais, deixaram-nos espaços públicos, museus e edifícios, duma grandiosidade incrível.
- Em contraste, tem pátios secretos, bairros populares cheios de vida, lojas antigas, ruas estreitas, cabarets e teatros, espaços de arte alternativa.
- Bairros estrangeiros, como o chinês, ou o norte africano, que transportam o visitante para outros países longínquos, com a sua cultura própria, os seus sabores e cores.
- Paris tem algo de arrogante na sua apresentação artística e cultural que não deixa quem o visita indiferente.
- É uma cidade que se conjuga no masculino, e que se perde em revoluções e gritos, ou nos adormece nos seus jardins "à la française".
- Tem um rio, como Lisboa. Um rio que não transporta o povo parisiense, mas que serve para me orientar e, graças às pontes, saltitar da margem direita, para a margem esquerda - a margem dos intelectuais!
Deixo Paris com Guillaume Apollinaire.

Le Pont Mirabeau

Sous le pont Mirabeau coule la Seine
Et nos amours
Faut-il qu'il m'en souvienne
La joie venait toujours après la peine
Vienne la nuit sonne l'heure

Les jours s'en vont je demeure
…….
Passent les jours et passent les semaines
Ni temps passé
Ni les amours reviennent
Sous le pont Mirabeau coule la Seine

Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure

Graça Raposo