Os Benefícios do Voluntariado

13-04-2023

VAMOS LARGAR ESSE SOFÁ…POR FAVOR!

Vamos lá largar esse sofá e fazer algo pelos outros, por aqueles que precisam de nós, pelos que nos desinstalam. Chegou a altura de dedicar algum tempo ao Voluntariado!

Somos frequentemente empurrados ou atraídos ao longo da vida para o sofá. Quem não passou tardes, parvamente improdutivas, no sofá? Lembramo-nos certamente dos nossos Pais a ralhar connosco, quando ainda éramos adolescentes, porque o nosso corpo grudava-se no sofá da sala e nada nem ninguém conseguia tirar-nos de lá. Éramos como lapas agarradas a uma rocha.

Mais tarde, jovens com borbulhas proporcionais às dúvidas que tínhamos sobre a vida, refugiava-nos no sofá como embarcação durante a tempestade à procura do porto de abrigo. Esse querido sofá da nossa juventude foi cúmplice fiel das desculpas para não estudarmos, mas também confidente de amores não correspondidos, ressacas escondidas dos Pais, noites bem passadas com amigos e reflexões noturnas sobre o sentido da vida, a revolta da incompreensão ou, simplesmente, lugar para dormir… porque sim!

Casámos e tivemos filhos e o sofá lá de casa transformou-se em selva e savana, sala de cinema, castelo de fadas e esconderijo de piratas. As almofadas ganharam vida, o sofá encolhia e expandia-se em função das fantasias dos nossos filhos e da nossa paciência, ou falta dela... Esse sofá serviu também para noites mal dormidas quando as crianças estavam doentes e tínhamos de fazer turnos em modo de hospital de campanha caseiro.

Seguiu-se uma fase em que o sofá descansou porque os filhos iam saindo de casa e nós continuávamos a trabalhar diariamente chegando a casa, muitas vezes, sem vontade sequer de lhe dizer boas-noites… 3 minutos com a televisão ligada e Zás… sono profundo até acordarmos a meia da noite e nos arrastarmos para a cama.

Até que chega a idade da reforma e o sofá ganha dimensão, espaço e vida própria. O sofá parece ocupar todo o espaço da casa porque atrai sinuosamente, porque seduz e faz com que os reformados comecem a pensar mais nele. O sofá começa a ter companhia de manhã, à tarde e à noite. O sofá ganha a forma do corpo, embala-o, torna-o preguiçoso. O sofá transforma-se, ele próprio, na lapa maleável que não se desprende do corpo. O sofá atrai, o sofá é o pretexto para ficar em casa "porque me doem as costas", "porque está frio lá fora", "porque ainda não li o jornal", "porque estou sozinho", "porque tenho de ir buscar os netos ao final da tarde", "porque vai dar um programa na RTP Memória que quero ver", "porque, porque, porque…"

Aos que já estão seduzidos por este sofá e aos que um dia esperam vir a reformar-se, como é o meu caso, fica o repto: Vamos lá largar esse sofá!

Há, felizmente, ainda motivações para largar esse sofá: os programas com os amigos; o golfe; as fantásticas iniciativas da TRANSIÇÕES, entre muitas outras.

Mas há uma outra razão que vos gostaria de desafiar a abraçar: o VOLUNTARIADO. Ainda como estudante universitário, comecei a participar em iniciativas de voluntariado. Ao longo da vida, com maior ou menor intensidade, participei em diversas iniciativas de voluntariado. Hoje continuo ligado a alguns projetos em que dou algum do meu tempo de forma gratuita. Quando me reformar quero intensificar essa atividade de voluntariado dedicando-lhe mais tempo e energia.

Há múltiplas razões para fazer voluntariado. Basta pensar nos muitos doentes que não têm ninguém para o visitar, nos presos que precisam de alguém que os oiça, nas crianças institucionalizadas, nos pobres e sem-abrigo, nas IPSS e associações que se debatem com falta de meios e competências técnicas. O voluntariado é preciso porque o nosso tempo, a nossa experiência, a nossa alegria, a nossa saúde, as nossas histórias, a nossa vida, os nossos conhecimentos técnicos podem fazer a diferença em muitas vidas.

Da mesma forma que o voluntariado é compatível com a frequência de um curso superior, com a educação dos filhos e com uma excelente carreira profissional, também é conciliável com muitas das tarefas que os reformados hoje têm: buscar netos, ajudar os filhos, tratar da casa, visitar amigos, jogar golfe, frequentar cursos para seniores e até as diversas iniciativas da nossa TRANSIÇÕES.

Não há, pois, desculpas para não dedicar tempo para fazer algum voluntariado. E se as razões que enumerei não fossem suficientes, deixo-vos mais alguns benefícios do voluntariado:

1. Faz bem a quem ajudamos e precisa de carinho, conforto e atenção;

2. Aumenta os níveis de felicidade e bem-estar de todos os que estão envolvidos;

3. Alivia a dor e o sofrimento de muitos;

4. Faz bem à nossa saúde porque nos obriga a atividade física e intelectual;

5. Torna-nos mais ricos porque recebemos sempre mais do que damos;

6. Permite-nos relativizar muitos dos nossos problemas;

7. E obriga-nos a sair do nosso sofá …

O VOLUNTARIADO é o melhor antídoto contra o nosso sofá… sobretudo, o sofá da indiferença, do egoísmo, das procrastinações, do comodismo e egocentrismo. Está na altura de largar esse sofá.

Vá lá! Informe-se hoje mesmo das múltiplas opções de voluntariado que estão à sua espera. Pesquise na internet ou pergunte aos seus amigos, ex-colegas ou filhos.

Diogo Alarcão, 9 abril 2023