O porquê das coisas
O porquê das coisas
Sempre me moveu a curiosidade de investigar o porquê das coisas, mas constato que tal interesse não é um lugar-comum.
A sugestão que gostaria de vos deixar aqui, é uma curiosidade mais "ambiental" e tem a ver com a razão dos nomes das pessoas, dos lugares ou das coisas com que nos cruzamos no dia a dia.
Uma vez, numa reunião de condóminos do meu prédio perguntei à assembleia quem tinha sido Dom Jerónimo Osório (1), o topónimo da nossa rua. Ninguém sabia!...
Então as pessoas vivem mais de quatro décadas numa rua e não sabem a razão do seu nome? Como é possível?...
Outros exemplos:
Rua Arco do Carvalhão. Quem era o Carvalhão (2)?
Ou na Avenida Almirante Reis (3). Quem foi este Almirante?
Praça do Areeiro (4). Porque se chama aquela zona "Areeiro"?
Também podemos interessar-nos pela origem de símbolos, logótipos, ou expressões como: "Ré-vés campo de Ourique" (5) ou "cai o Carmo e a Trindade" (6).
Conheço pessoas do Norte que quando dizem que lá vão, referem:
- Vamos "lá abaixo" (7) !...Porquê?
Então não seria natural que dissessem: "lá acima"?
Constato que esta é uma prática comum. Mas, porque razão?
Afinal, em termos de geo-localização, o Porto, Bragança ou Vila Real situam-se no Norte do nosso país.
Será que se assume que Lisboa terá um estatuto maior importância e essa circunstância justifica a incongruência geográfica ? Não sei, nem consegui encontrar ainda a resposta. Se alguém souber que nos esclareça, sff.
O desafio que aqui lanço é que nos questionemos mais frequentemente sobre o porquê das coisas. As pistas decorrentes dessas buscas levam a outras interrogações e estas a novas investigações.
Se ainda não o fez, experimente! Vai ver quanto descobre.
Olhar para as coisas quando se sabe a sua razão de ser, é completamente diferente.
O peixe só vê a água quando salta fora dela - provérbio Chinês.
Lagos, 03/08/2021
José Aleixo Dias
Referências:
Dom Jerónimo Osório da Fonseca - (Lisboa, 1506 - Tavira, 20 de Agosto de 1580) foi um teólogo, filósofo, humanista e exegeta português. Publicou várias obras, das quais se destacam De Nobilitate Civile Et Christiana (1542), De Gloria (1549), De Justitia Coelesti (1564) e De Vera Sapientia (1578). Foi considerado o Cícero português. Estudou em Paris, onde contacta com Santo Inácio de Loiola aí leccionando, tal como em Bolonha e Coimbra. Bispo de Silves desde 1564 e depois do Algarve desde 1577. Dom Jerónimo foi um humanista que soube associar a mundividência cristã ao seu interesse pelos problemas sociopolíticos do tempo. Importa também referir o respectivo epistolário político, destacando-se duas cartas que constituem um corajoso libelo contra a governação de D. Sebastião, uma a propósito do casamento do rei, outra criticando a jornada que vai conduzir ao desastre de Alcácer Quibir - Fontes: Wikipédia (consultada a 26-07-2021) e José Adelino Maltez (https://maltez.info).
Rua do Arco do Carvalhão - Rua de Lisboa cruzada por dois arcos do Aqueduto das Águas Livres e que foi construída nos terrenos outrora pertença de Sebastião José de Carvalho e Melo (Carvalhão), mais tarde Marquês de Pombal. Fonte:https://lisboadeantigamente.blogspot.com/2018/11/rua-do-arco-do-carvalhão.
Avenida Almirante Reis - é uma avenida localizada nas freguesias de Arroios, Santa Maria Maior e Areeiro, no centro de Lisboa. Vai desde a Rua da Palma até à Praça Francisco Sá Carneiro. Homenageia a figura do Almirante Carlos Cândido dos Reis (1852- 1910), revolucionário republicano que se suicidou a 5 de Outubro de 1910 pensando que a revolução falhara. Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Avenida_Almirante_Reis
Areeiro - A extração de areia na antiga Quinta da Montanha, destinada à construção dos prédios nesta zona, está na origem do nome desta freguesia da cidade. Fonte:
https://toponimialisboa.wordpress.com/2017/12/11/a-antiga-praca-do...
Rés-vés Campo de Ourique
Na sequência do terramoto de 1755, as águas de Tejo impelidas pelo maremoto terão entrado no vale de Alcântara e subido até perto de Campo de Ourique. Essa parte da cidade escapou ao maremoto, daí que se tenha generalizado o termo "rés-vés". Fonte:
https://www.dicionarioinformal.com.br/.../resv%E9s+campo+de+ourique/3106
Caiem o Carmo e a Trindade
Expressão que resulta do desabamento destes dois conventos, dos maiores edifícios de Lisboa, quando do terramoto de 1755. O Convento do Carmo nunca mais foi reerguido e encontra-se hoje parcialmente ocupado por um quartel. O da Trindade, situava-se onde existe hoje a Cervejaria Trindade. Fonte:
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/.../cair-o-carmo-e-a-trindade/10630
Ir "lá abaixo"
Como advérbio, abaixo é usado
para indicar um sentido descendente, em categoria ou nível inferior, tanto em
sentido próprio como figurado. Fonte: FLiP
- Dúvida Linguística.
José Aleixo Dias