O homem que tinha um relógio
Era uma vez um homem que tinha um relógio
Dava corda ao relógio e o relógio andava, o tempo passava
O homem ficava a olhar o relógio a andar e o tempo a passar
Mas, um dia, o homem não deu corda ao relógio: o relógio parou - o tempo passou
Então, o homem nunca mais deu corda ao relógio
E foi assim que a história acabou (*)
Não acaba nada!...
Não fique a contar os dias e as horas, imaginando uma gotejante clepsidra ou uma escorreita ampulheta. Acredite que a história não acaba aqui.
Quando era criança, o tilintar do balanço do relógio de sala, ou o repicar dos sinos da torre da igreja estavam sempre a lembrar-me do tempo. Que chatice!... Então naquelas noites de insónia, estes ruídos eram insuportáveis (já passaram 15 minutos e ainda não me veio o sono!... meia hora!... e nada!...)
Depois apareceram os relógios Timex, leves, bonitos e baratos, mas com um tic-tac irritativo. Mais tarde surgiram os Seiko de quartzo e, com eles, o tempo deixou de me atazanar o juízo. Hoje, na era digital, só fazem barulho se você quiser.
Saia, passeie, conviva, divirta-se, seja feliz!
O facto de estar a pensar o que fazer, como fazer, com quem fazer e quando fazer, já está a exercitar o seu cérebro.
Depois há que concretizar cada objectivo. Ao fazê-lo vai ficar mais confiante, vai sentir-se mais forte, mais autónomo, mais participativo. Se se sentir bem, todos à sua volta vão ganhar com isso!
Sabe, as cidades não são verdadeiras; enganam. O seu silêncio mente, pois há milhões de coisas a funcionar.
E você? Está parado?
Lisboa, 03 de Novembro de 2021
José Aleixo Dias (1)
(*) Eduardo Libório -"História do homem que tinha um relógio" in: "Poesias, Desenhos e Correspondência" (https://pela-positiva.blogspot.com/2011/08/poesia-para-este-domingo.html)
(1) O autor escreve segundo o antigo acordo ortográfico