Katmandu – Nepal
Praça Durbar de Patan
A primeira vez que fui a Katmandu em 1996, tive uma sensação inesquecível. Para além de saber que estava a viajar para um novo país, que tinha muita vontade de conhecer, descobri que também estava a viajar no tempo. Ao deambular no labirinto das ruas que levam às praças Durbar de Katmandu, Patan e Bhaktapur, encontrei uma realidade que pensei já não existir. Os contrastes arquitetónicos, culturais e socioeconómicos com as cidades ocidentais foram brutais. A beleza dos Palácios Reais (Durbar), dos Templos e de outros edifícios e monumentos, é indescritível. As construções anteriores ao século XVI, em tijolo e madeira, com incontáveis pormenores, cuidadosamente esculpidos, juntamente com as atividades diárias levadas a cabo pelos seus habitantes, na via pública, transportaram-me para outros tempos.
Infelizmente, quando regressei ao Nepal, em 2016, como ponto de partida para uma expedição nos Himalaias, quase me caíram as lágrimas pela face quando vi a destruição causada pelo grande terramoto, com magnitude de 7,9, que atingiu todo o país e, especialmente, o vale de Katmandu, danificando totalmente, ou gravemente, uma quantidade enorme dos monumentos que eu tinha admirado 20 anos antes. Nesta segunda viagem, a sensação de perda que tive foi igualmente inesquecível. Tinha chegado ao Nepal exatamente um ano depois e, por todo o lado, o entulho de grandes edifícios ainda era visível. Outros que se mantinham de pé, num difícil equilíbrio eram suportados por grandes vigas de madeira. Estima-se que cerca de 60% do Património Mundial da Unesco no Nepal tenha sido parcialmente ou totalmente destruído.
Ainda assim, e apesar de toda a destruição, Katmandu continua a ser uma cidade única e que, indiscutivelmente, merece ser visitada, como se pode ver pela fotografia que partilho e que tirei em 2016.
Rodrigo Nascimento