Fernando Guedes Pinto
Transições
Deixem-me começar por falar de um hábito meu de, em vez de consultar o dicionário para saber o significado de uma palavra, consultar antes os seus sinónimos. O que encontrei para sinónimos de transições é de uma riqueza que quero aqui partilhar:
Transformações, alterações, modificações, mudanças, variações, conversões, renovações, reformas, mutações, alternativas, alternâncias, alternações, vicissitudes, transmutações, transfigurações, metamorfoses, mudas, oscilações.
A minha transição para a reforma foi algo compulsiva. A empresa onde trabalhava há trinta anos tinha mudado radicalmente. É preciso estar atento aos sinais, é um conselho que me sinto habilitado a dar. Já não me sentia bem no trabalho e por isso aproveitei a oportunidade de pedir a reforma antecipada nas generosas condições que me foram oferecidas para sair.
Após uns meses de completo dolce far niente decidi licenciar-me em informática deixando para trás outras licenciaturas que tinha inacabadas. Foram quatro anos muito bons porque tive a sorte de estar integrado numa turma que tinha alunos de todas as idades dado terem entrado pelo programa especial para alunos acima dos 23 anos.
Se a licenciatura me devolveu a minha autonomia também me criou o desafio do que fazer a seguir. É certo que tinha alguns hobbies mas davam-me uma sensação de isolamento.
Foi então que tomei contacto com a Transições pela mão da minha amiga e ex-colega Hélia. Ela era para mim a certeza de que algo de especial e diferente se tratava. Uma reunião com os restantes fundadores feita à luz de um excelente sunset, fez com que me sentisse completamente integrado no grupo, apesar da distância que separa o Porto de Lisboa.
Hoje, percorrendo o histórico da Transições no Facebook (o que sempre faço quando me quero inspirar) foi com muita dificuldade que cheguei à primeira publicação que data de 11 de março de 2021. É um enorme repositório da inestimável participação de todos e cada um. Que mais poderei acrescentar a esta riqueza tão evidente?
Para terminar recordo aqui uns versos de Manuel António Pina que me parecem inspiradores para a nossa comunidade:
Pensar de pernas para o ar
é uma grande maneira de pensar
com toda a gente a pensar como toda a gente
ninguém pensava nada
diferente
Que bom é pensar em outras coisas
e olhar para as coisas noutra posição
as coisas sérias que cómicas que são
com o céu para baixo e para cima o chão
Fernando Guedes Pinto
26 de Março de 2024