Conversas com a minha neta: A matemática dos 50
A minha neta já está na escola. Anda a aprender os números, diz ela.
-E gostas?
- Nem por isso avó ...
Não sei porquê esta aversão generalizada aos números, eu adoro, digo-lhe eu.
-Adoras?!!!
-Sim gosto de brincar com os números, hoje por exemplo estou a escrever sobre os 50+
- Mas o que é isso 50 mais o quê?
- Mais nada, é uma brincadeira
- Não percebi ... também podia ser +20 por exemplo?
- Podia, mas não é a mesma coisa ...
-Pois, avó, acho que não percebi nada!
Rimos as duas.
50+ era sobre um artigo que estava a escrever enquadrado na forma como hoje se trata o talento de quem tem mais de 50 anos. É um problema social crítico que começa a ter alguma atenção até porque cada vez seremos mais com muito mais de 50 e precisamos de encontrar vida útil, traduzida em empregabilidade para todos.
Mas como sempre a minha neta faz-me pensar. O que há de errado nesta sociedade que desrespeita a senioridade, a experiência, o conhecimento acumulado? que prefere não ouvir e cometer repetidamente os mesmos erros? Será que só o mais novo tem de mudar? não nos caberá a nós, os 50+, fazer um esforço para que nos oiçam, para que sejamos considerados e tomados em atenção. A adaptação da nossa atitude na comunicação com o nosso interlocutor é um fator determinante se queremos que a nossa mensagem passe. Talvez em vez de pensarmos que temos mais de 50, pensarmos como era quando tínhamos 30?
Essa experiência de quem tem hoje mais 20, dos que têm agora 30, é a nossa mais-valia para fazermos realmente a diferença e provocarmos a mudança que queremos ver acontecer.
+20 são mais 20 anos úteis de aprendizagem e experiência que podemos oferecer e somar aos que os têm agora. Se conseguirmos, fazemos a diferença.
Vamos agir como 30 + 20 em vez de 50+?
Agora é que a minha neta ficou mesmo confusa!
Vera Norte