Como fui escolhida para o voluntariado
Apresento-me : "My middle name" é ajudar o próximo, confortar, mimar, dar colinho.
Engraçado, desde criança, muito criança, tinha sempre em mente: "quando for grande" quero ajudar os "velhinhos" que estão sós, as crianças sem possibilidades de singrar na vida, os animais abandonados, enfim protegê-los dentro das minhas asas.
Bem, quanto a ser grande, ainda não cheguei lá, sou uma eterna catraia mas quanto às asas, isso sim "I believe I can fly. (https://www.youtube.com/watch?v=3ol8aMttMtw)
Em Fevereiro de 2021 dei um rumo novo à minha vida em busca de conforto interior que não estava a ter e, somente a partir dessa altura , pude pensar um fazer voluntariado.
Inscrevi-me na Câmara de Cascais (https://voluntariado.cascais.pt/voluntariado) e iniciei o meu processo de certificação. É um processo simples, em 3 fases, mas no qual temos que demonstrar que estamos à altura desta missão e, que depois de certificados, podemos concorrer aos vários projectos disponíveis em todo o concelho.
Escolher o projecto não estava a ser fácil, não me encaixava nos projectos que via. Procurava uma vida nova, nada de repetir o passado, esse foi vivido e, zás trás, já passou.
Fui chamada para uma emergência (24 horas de aviso prévio), num sábado à noite, para dar apoio a um espectaculo no Casino do Estoril para a festa de Natal da Fundação "O Século". A tarefa não era o que procurava mas gostei do que ouvi no espetaculo. Tantos jovens distribuidos pelas várias casas que a Fundação apoia com os seus rumos mudados tudo graças ao apoio da Fundação que lhes dá casa, colo e, proporciona educação. Sim, este foi o primeiro chamamento, Dizem que "Deus escreve direito por linhas tortas" e eu penso que leio nas entrelinhas, assim o espero.
Em Março de 2022 fui chamada para o voluntariado de SOS Ucrania no Centro Logístico de Cascais, Esses foram dias de trabalho físico pesado mas que tinha que ser feito e fez-se.
Não estava a ser fácil encontrar o meu "caminho" pelos outros e para os outros. Inscrevi-me num projecto que nada tinha a ver comigo mas que era uma forma de não adiar mais a situação de começar de forma regular.
Fui à primeira entrevista na Fundação e, expliquei "estou a inscrever-me neste projecto, não porque seja o quero realmente fazer mas porque estando dentro poderei observar e, quem sabe, encontrar a minha estrada". Nessa primeira entrevista, depois de muito conversarmos, deram-me a estrada que eu ambicionava - CRIANÇAS. Sim, o meu coração estava repleto de alegria conseguia, finalmente, remar em mar aberto.
Tem sido uma experiência linda, gratificante, cheia de gargalhadas, cheia de rebolar no chão, cheia de tinta nas calças, cheia de corridas e esconde esconde e até, algumas vezes, com croissant com chocolate no cabelo.
Quando chego de manhã cedo e me veem, as crianças correm até mim e dizem o meu nome, bem dito e de boca cheia. Que coisa mais gostosa. O meu nome dito por aquelas crianças, dos 3 aos 5 anos , tem um som diferente, parece música, enche-me a alma.
Sim, direi que encontrei o meu porto seguro, o meu ninho e, posso abrir as minhas asas e, naquelas horas que estou com eles, ser uma mulher de asa CHEIA.
Estas 20 crianças, das quais 2 têm necessidades especiais , querem atenção, querem ser especiais e, ser mimadas, muito mimadas. Todas estas coisas consigo dar mas os malandros também me dão muito, muitos virus, muitas viroses e bastante cansaço. Sim a maior parte dos dias que saio de lá depois de ter limpo vários narizes venho com algum bichito, enfim "viroses do ofício" .
Espero conseguir continuar a caminhar nesta estrada, cheia de dinamismo e criatividade, eles têm muita eu também não lhes fico atrás.
Deixo aqui algumas fotos dos trabalhos que vou fazendo durante a semana para levar no dia do meu voluntariado.
Eunice Esteves, Abril de 2023