Cidália Aguiar

"Laços de Gerações: Um Tributo à Intergeracionalidade"

Não tive muito contacto com os meus avós por motivos diversos, mas a minha filha teve nos avós maternos pilares sólidos de acompanhamento. Na avó, o cuidado amoroso; no avô, o impulsionar do desenvolvimento artístico e científico, a par da leveza da imaginação. Essa experiência pessoal ressoa nesta pintura, uma aguarela que tenta capturar a essência da intergeracionalidade, transmitindo a riqueza dos laços familiares que transcendem o tempo.

Recordei com saudade um episódio em particular, uma ida a um piquenique, na serra dos Candeeiros, onde os avós desempenharam papéis cruciais na formação de memórias que perduram até hoje. Entre os ecos da natureza, criaram uma sinfonia única com pinhas, transformando um simples piquenique numa experiência poética e encantadora. Nesse momento, o avô desvendou os segredos da natureza, estimulando a curiosidade científica da minha filha, enquanto a avó proporcionava o alicerce afetuoso para que essa curiosidade pudesse florescer.

Na aguarela que compartilho agora, a imagem de um senhor idoso de mãos dadas com uma pequena criança evoca a harmonia entre diferentes fases da vida. As mãos rugosas do avô seguram as mãos delicadas da criança, criando uma ponte entre passado e futuro. O fundo da serra dos Candeeiros remete-nos ao local daquele piquenique mágico, onde as pinhas se transformaram em instrumentos de uma orquestra imaginária.

Esta obra é mais do que uma simples pintura; é um tributo à intergeracionalidade, à transmissão de conhecimento, e à magia que ocorre quando diferentes gerações se encontram. Os avós desempenham papéis fundamentais, moldando não apenas a infância das crianças, mas também influenciando as futuras gerações. É um testemunho da importância de valorizar e preservar os vínculos familiares, uma celebração da riqueza que surge quando gerações se unem em amor e aprendizagem.

Ao compartilhar esta aguarela, espero inspirar outros a reconhecer e apreciar a beleza dos momentos intergeracionais, celebrando a sabedoria transmitida e a inocência recebida. Que esta imagem sirva como uma ode aos avós, aos netos e à eterna sinfonia que é a vida, regida pela harmonia do amor familiar que atravessa as eras.

Cidália Aguiar