Balanço do Segundo Ano de Reforma

13-04-2025

Já passaram dois anos... É verdade, o dia 1 de abril de 2024 marcou o fim do meu primeiro ano de reforma, este segundo ano foi uma continuação natural da jornada que iniciei, mas com algumas nuances e descobertas. Vou partilhar convosco como tem sido esta evolução e o que aprendi neste segundo ano.

1. Evolução das Prioridades

No meu primeiro ano, aprendi a importância de definir prioridades claras e de revisitá-las regularmente. Este segundo ano não foi diferente, mas algumas prioridades ganharam um novo peso.

A família, que sempre foi importante, ganhou ainda mais relevância com o nascimento dos netos. Reservar tempo de qualidade para eles tornou-se essencial, trazendo uma nova dimensão de alegria e ocupação ao meu dia-a-dia. Os momentos partilhados com os mais novos renovam a minha energia e dão-me um novo propósito de vida.

2. Amizades: Uma Rede que se Expande e Aprofunda

As amizades continuam a ser uma fonte inesgotável de inspiração e boa disposição. Descobri que, ao manter e cultivar amizades diversas, mantenho-me ligada a diferentes realidades, o que enriquece a minha visão do mundo.

Este ano, dediquei-me a aprofundar algumas amizades e a acolher novas, criando uma rede rica em experiências e perspetivas. Cada amigo traz consigo um universo próprio, e esse intercâmbio tem sido fundamental para não me fechar numa bolha de conforto.

3. Descobrindo Portugal a Pé: As Caminhadas com os Trekkers-Transições

Um dos aspetos mais marcantes deste segundo ano foram, sem dúvida, as caminhadas organizadas pela Transições. Juntei-me ao grupo dos Trekkers-Transições e descobri uma nova paixão que combina perfeitamente exercício físico, contacto com a natureza e convívio.

Estas caminhadas levaram-me a percorrer trilhos de uma beleza indescritível, lugares que provavelmente nunca teria conhecido de outra forma. Das florestas verdejantes às escarpas costeiras, dos miradouros de montanha às praias magnificas - cada caminhada ofereceu-me visões novas do nosso país.

Mais do que a atividade física, estas experiências tornaram-se verdadeiras aventuras partilhadas, imortalizadas nas reportagens fotográficas que vamos construindo em conjunto. As fotografias, capturadas pelos amigos do grupo com quem caminho, são mais do que simples imagens - são memórias de momentos de descoberta, superação e alegria coletiva.

Nestas caminhadas, descobri músculos que não sabia que tinha, venci medos que não sabia que existiam, e fortaleci amizades de uma forma que só os desafios partilhados permitem. A sensação de chegar ao final de um percurso exigente, com as pernas cansadas, mas uma sensação de bem-estar até parece um contrassenso, mas é mesmo assim.

4. Saúde: Um Bem Cada Vez Mais Precioso

Se no primeiro ano já tinha estabelecido uma rotina com tempo para exercício físico, neste segundo ano a saúde ganhou um estatuto ainda mais elevado nas minhas prioridades. Aumentei o tempo dedicado às atividades físicas e passei a ter mais atenção com a alimentação.

O ginásio perto de casa, onde me inscrevi no ano passado, tornou-se um espaço familiar e acolhedor. Além do pilates matinal, adicionei novas atividades que me fazem mexer mais, a diversidade no exercício é tão importante quanto a persistência.

5. Leitura e Escrita: Uma Nova Relação com as Palavras

A leitura tornou-se uma parte ainda mais significativa da minha vida neste segundo ano. Li muito mais do que em anos anteriores, explorando uma diversidade de temas e autores que aumentaram o meu horizonte de conhecimento e imaginação. Os Encontros de Leitura mensais foram um incentivo especial para esta expansão literária - nesses encontros, o mundo dos livros revela-se de forma maravilhosa através das partilhas fantásticas dos amigos presentes. Cada recomendação, cada discussão sobre uma obra, abre portas para novas descobertas e reflexões. Ler tornou-se não apenas um prazer solitário, mas uma experiência enriquecida pelo diálogo e pela troca.

Paralelamente, a minha relação com a escrita transformou-se profundamente. A participação no Desafio da Escrita tem-me obrigado a escrever e a refletir sobre temas que nunca me imaginei a fazer. Hoje escrevo de maneira completamente diferente, com mais fluidez e sem os complexos que antes me limitavam. Sinto que consigo exprimir-me de forma mais natural, deixando fluir pensamentos e emoções que anteriormente ficavam presos entre a intenção e a ação. Este desenvolvimento da escrita tem sido uma descoberta particularmente gratificante, como se tivesse encontrado uma nova voz dentro de mim.

6. O Valor do Compromisso, Foco e Consistência

Aprendi que mesmo na reforma, ou talvez especialmente na reforma, o compromisso, o foco e a consistência são ferramentas indispensáveis para alcançar resultados satisfatórios em qualquer área. Sem as pressões externas do trabalho, estas qualidades tornaram-se ainda mais importantes para garantir que continuasse a evoluir e a aprender.

Nas minhas atividades criativas - seja nos zentangles, na escrita, a bordar ou no tricot - percebi que é a prática consistente que traz progresso e satisfação. O mesmo se aplica ao estudo do holandês, que continua a ser um desafio estimulante.

7. A Relação com o Tempo Continua a Evoluir

Se no primeiro ano me maravilhei com a liberdade de ter controlo sobre o meu tempo, neste segundo ano aprofundei o meu entendimento sobre o valor desta liberdade. Percebi que o tempo, mais do que um recurso a ser gerido, é um espaço a ser vivido plenamente.

Sair da zona de conforto continua a ser necessário e por isso me desafio sempre. A cada novo desafio superado, a confiança aumenta e o mundo parece expandir-se um pouco mais.

A minha agenda continua cheia, mas agora com uma atenção redobrada à qualidade do que a preenche. Aprendi a ser mais seletiva, a dizer "não" sem culpa quando necessário, e a reservar espaços vazios para o que me apetecer e claro também para descansar.

8. A Identidade Continua a Florescer

A minha identidade pós-carreira continua a desenvolver-se naturalmente. Já não me sinto desconfortável ao dizer que estou reformada, pois compreendi plenamente que estar reformada não define quem sou, mas apenas a minha relação atual com o trabalho formal.

Continuo a ser curiosa, estudiosa, pontual e organizada - características que sempre me definiram. Mas agora também sou mais paciente, mais contemplativa e talvez até mais compreensiva com as imperfeições da vida e das pessoas.

9. Gratidão sempre

Se há um sentimento que define este segundo ano de reforma, é o de gratidão. Gratidão pela saúde que me permite viver ativamente, pelos amigos e família que enriquecem os meus dias, pela liberdade de escolher como usar o meu tempo e pelo privilégio de poder continuar a aprender e crescer.

A cada dia que passa, confirmo que a decisão de me reformar foi acertada. A vida não parou nem diminuiu - pelo contrário, alargou-se para direções que não poderia ter antecipado.

10. Olhando para o Futuro

Entro no meu terceiro ano de reforma com entusiasmo e serenidade. Sei que continuarei a ajustar prioridades, a descobrir novos interesses e a aprofundar os atuais. Também sei que haverá sempre desafios.

Mas levo comigo as lições destes dois primeiros anos: a importância do equilíbrio, da flexibilidade, da curiosidade constante e, acima de tudo, da gratidão por cada dia vivido em plenitude.

Como no ano passado, continuo disponível para conversar sobre este tema com quem estiver interessado. A partilha de experiências é uma das maiores riquezas desta fase da vida.

Ana Paula Melo, abril 2025

PS: Um agradecimento especial à Transições, que continua a ser um pilar importante nesta jornada, ao grupo dos Trekkers - Transições pelas aventuras e memórias inesquecíveis, e à minha família, que me tem apoiado sempre em todas as aventuras.

Pode ler o meu Balanço de um ano de reforma.