Desafio "As Minhas 3 Cidades Preferidas"
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Pretendemos desafiar os nossos viajantes a eleger as suas 3 Cidades preferidas e a enviar uma fotografia de cada cidade, acompanhada por uma legenda (pequeno texto). Todo o conteúdo, imagem e texto, têm de ser da autoria do participante.
Com todas as partilhas recebidas, iremos eleger as 3 cidades preferidas dos membros da Transições.
Os conteúdos que todos nos enviarem serão depois divulgados no site da Transições numa pasta dedicada ao Desafio "As Minhas 3 Cidades Preferidas" e posteriormente iremos organizar um evento on-line, onde os autores que assim pretendam, poderão de viva voz partilhar as suas experiências nessas cidades e justificar as suas escolhas.
Cada participante terá de revisitar as suas viagens e fazer a difícil escolha das 3 Cidades que mais gostou. Admitimos que não seja fácil, mas por isso é que esta atividade entra na categoria dos Desafios.
Depois de definido o seu Top 3, pretendemos que o participante escolha também a melhor fotografia que tirou nessa cidade ou a que melhor caracterizou essa experiência.
Para acompanhar cada uma das 3 fotografias, pretendemos que faça uma legenda para cada fotografia ou um pequeno texto que inclua o nome da Cidade.
Deverão enviar as fotografias e legendas para o e-mail da comunidade (viagens@transicoes.pt), até à data limite para receção das partilhas, ou seja até dia 16 de Março.
Agendámos para o dia 26 de Março um evento on-line onde todos os participantes, que pretendam estar presentes, terão a oportunidade de fazer uma breve apresentação das suas 3 Cidades Preferidas. Para este evento os participantes deverão inscrever-se no site para esta atividade (https://www.transicoes.pt/reserva-atividades/).
Rodrigo Nascimento
Dinamizador da Comunidade de Viagens
Os contributos dos nossos membros
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Pode parecer estranho vir
dizer que uma das minhas cidades preferidas é Lisboa.
Quando o Rodrigo lançou o
desafio, fiquei confusa e pensei não participar neste desafio.
Não conseguia escolher: Ouro
Preto, ou Sampetersburgo? Hoi An? Nova York? Não : Veneza, a sereníssima !
O que significa para mim
preferir uma ou outra cidade ? Foi a
pergunta à qual tive de responder antes de escolher três cidades.
Fazer esta escolha passava
necessariamente pelas minhas emoções vividas nas cidades que visitei e foram
muitas.
Por fim, e passeando por todas
elas, virtualmente, o desafio ficou muito
mais claro:
Prefiro as cidades, sejam elas
pequenas ou grandes, que estejam situadas à beira rio.
Gosto de sentir nas pernas as
grandes cidades, ao percorrê-las de lado a lado e levar para a casa algo que me
sirva mais tarde como uma "Madeleine de Proust".
Preciso de cidades com cultura
porque sou um pouco "ratinho" de museus e gosto de história.
E, essencial para mim, sentir a
cidade a mexer, com gente dentro, com barulho, e que não seja só uma
cidade-museu.
Tem de haver crianças à mesa
dos restaurantes, nas ruas e nos jardins.
E mais do que tudo : tem de
ter luz.
E Lisboa, de todas as cidades
que conheci, até hoje, no mundo, tem imensa história e a luz mais bela, mais
pura, à beira do Tejo.
Gosto de me cansar na cidade
cor de rosa, a subir e descer pelas colinas, ou parar numa esplanada a ler, ou a
observar os lisboetas.
Continuo a visitar Lisboa como
uma turista e, desde que a deixei para sempre, regresso para a ver viver.
Tenho pena que esteja cada vez
mais …francesa ! Mas ao virar-se para o Tejo, ao longo dos últimos anos, Lisboa
ganhou em beleza.
Os investidores e as taxas
fiscais deixadas pelo turismo têm melhorado os edifícios e embelezado os
espaços públicos.
Lisboa tornou-se uma das
cidades mais atrativas da Europa….resta-me a esperança que Lisboa conserve
sempre um pouco do seu ar alfacinha.
Graça Raposo
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Não é por lhe chamarem a
Cidade-Luz, ou a cidade do amor, que selecionei Paris.
Também não é porque me formei
na capital francesa, e que a minha carreira profissional se fez em Paris, que a
prefiro a muitas outras.
Aliás, se tivesse tido a
oportunidade de viver mesmo dentro de Paris, teria recusado.
Faz parte das grandes cidades
monumentais com as quais sempre mantive uma certa distância: usufruir das
oportunidades profissionais, culturais e estéticas de Paris..., sim. Viver dentro, dia e noite, criar filhos…, não.
Esta ligação complexa com esta
cidade foi-me fácil de manter.
Paris nunca cresceu fora do
Périphérique, uma estrada circular que travou a sua expansão. E a população
instalou-se fora do "caracol" formado pelos 20 bairros da capital, com meios de
acesso muito bons, por transportes públicos.
Eu decidi viver sempre do
outro lado do Périphérique. Perto, mas não muito, para me deliciar, quando quero,
de tudo o que Paris tem para oferecer, sem sentir a pressão duma grande
capital.
Paris tem tudo :
- Uma monumentalidade
"haussmanienne", que a partir do século XIX, fez dela uma das capitais mais
célebres da Europa.
- A história nacional, e as
exposições universais, deixaram-nos espaços públicos, museus e edifícios, duma
grandiosidade incrível.
- Em contraste, tem pátios
secretos, bairros populares cheios de vida, lojas antigas, ruas estreitas,
cabarets e teatros, espaços de arte alternativa.
- Bairros estrangeiros, como o
chinês, ou o norte africano, que transportam o visitante para outros países
longínquos, com a sua cultura própria, os seus sabores e cores.
- Paris tem algo de arrogante
na sua apresentação artística e cultural que não deixa quem o visita
indiferente.
- É uma cidade que se conjuga
no masculino, e que se perde em revoluções e gritos, ou nos adormece nos seus
jardins "à la française".
- Tem um rio, como Lisboa. Um
rio que não transporta o povo parisiense, mas que serve para me orientar e, graças às pontes, saltitar da margem
direita, para a margem esquerda - a margem dos intelectuais!
Deixo Paris com Guillaume Apollinaire.
Le Pont Mirabeau
Sous le pont Mirabeau coule la Seine
Et nos amours
Faut-il qu'il m'en souvienne
La joie venait toujours après la peine
Vienne la nuit sonne l'heure
…….
Passent les jours et passent les semaines
Ni temps passé
Ni les amours reviennent
Sous le pont Mirabeau coule la Seine
Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure
Graça Raposo
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Visitei Praga três vezes, quase seguidas, há trinta anos. Tinha acabado de
ser inscrita na lista do património da UNESCO em 1992, mas não tinha ainda
sofrido com a afluência do turismo de massas.
Rainer Maria Rilke, escreveu que era a "cidade das cem torres".
Praga é um testemunho de uma riqueza arquitetónica excecional. Todos os estilos
estão representados, incluindo obras-primas góticas como a Ponte Carlos ou a
Catedral de Saint-Guy, Renascença, Barroco – com muitos palácios e igrejas, no
bairro de Malá Strana, e Art Nouveau e muitas criações cubistas, modernas e
contemporâneas.
Lembro-me de uma cidade esplêndida que, ao cair da noite, me convidava,
fosse a uma igreja, a um convento, a um palácio, ou a um castelo, para ouvir um
concerto. Os ingressos eram vendidos nas calçadas, em frente dos monumentos. Os
concertos duravam uma hora, entre as 18h e as 19h, a tempo para
não perder o aperitivo ou caneca de cerveja, à beira do rio Vltava, antes do
jantar, numa taberna animada.
Então a cidade iluminava-se, macia, numa altura, sob a neve de dezembro.
Foi mágico.
Hoje, gostaria de regressar a Praga, para ver como evoluiu, e descobrir novas
arquiteturas como a Casa dançante, que não cheguei a ver.
Mas sei que já não vou encontrar o cenário teatral que conheci, nem o
encanto cultural e estético desta cidade, da Europa Central, onde gostei de
passear e onde conheci uma excelente guia, a Stania, que muito me contou sobre
a historia de Praga e da família dela, durante a segunda guerra mundial.
O receio da multidão de turistas que hoje a invade trava o meu projeto.
Termino com um poema de Rainer Maria Rilke.
Chegou novamente a hora prateada
Chegou a hora prateada,
misturada com a noite doce, metal puro
que junta à lenta beleza,
o lento regresso do silêncio musical.
A antiga terra recupera e muda :
Uma estrela pura sobrevive às nossas tarefas.
Os ruídos dispersos abandonam o dia,
afastam-se
e entram todos na voz das águas
Graça Raposo

A primeira vez que fui a Katmandu em 1996, tive uma sensação inesquecível. Para além de saber que estava a viajar para um novo país, que tinha muita vontade de conhecer, descobri que também estava a viajar no tempo. Ao deambular no labirinto das ruas que levam às praças Durbar de Katmandu, Patan e Bhaktapur, encontrei uma realidade que pensei já não existir. Os contrastes arquitetónicos, culturais e socioeconómicos com as cidades ocidentais foram brutais. A beleza dos Palácios Reais (Durbar), dos Templos e de outros edifícios e monumentos, é indescritível. As construções anteriores ao século XVI, em tijolo e madeira, com incontáveis pormenores, cuidadosamente esculpidos, juntamente com as atividades diárias levadas a cabo pelos seus habitantes, na via pública, transportaram-me para outros tempos.
Infelizmente, quando regressei ao Nepal, em 2016, como ponto de partida para uma expedição nos Himalaias, quase me caíram as lágrimas pela face quando vi a destruição causada pelo grande terramoto, com magnitude de 7,9, que atingiu todo o país e, especialmente, o vale de Katmandu, danificando totalmente, ou gravemente, uma quantidade enorme dos monumentos que eu tinha admirado 20 anos antes. Nesta segunda viagem, a sensação de perda que tive foi igualmente inesquecível. Tinha chegado ao Nepal exatamente um ano depois e, por todo o lado, o entulho de grandes edifícios ainda era visível. Outros que se mantinham de pé, num difícil equilíbrio eram suportados por grandes vigas de madeira. Estima-se que cerca de 60% do Património Mundial da Unesco no Nepal tenha sido parcialmente ou totalmente destruído.
Ainda assim, e apesar de toda a destruição, Katmandu continua a ser uma cidade única e que, indiscutivelmente, merece ser visitada, como se pode ver pela fotografia que partilho e que tirei em 2016.
Foto: Praça Durbar de Patan
Rodrigo Nascimento

Um dos princípios que sigo na gestão das minhas viagens é o de evitar a
repetição de destinos. No entanto, há cidades que servem como ponto de partida
para diferentes programas e aventuras, como foi o caso de Katmandu e é, também, o
caso de Bangkok, que visitei 3 vezes entre 1995 e 2014.
Bangkok é, há várias décadas, uma cidade moderna e vibrante e uma das maiores
cidades asiáticas, que cresceu de forma desordenada e com pouco planeamento. No
entanto, o seu centro histórico é um autentico tesouro, repleto de grandes e
coloridos Templos e Palácios, onde predomina o dourado, que brilha intensamente em dias de sol. Mais uma vez, os contrastes com os estilos e arquitetura
ocidentais são gritantes. Entre muitos outros locais de interesse, alguns dos
melhores exemplos são o Grande Palácio, o Templo Wat Arun , o Templo Wat Pho
também conhecido como o Templo do Buda Reclinado, uma enorme figura quase
deitada, toda ela forrada a folha de ouro, com cerca de 46m de comprimento e 15
de altura e, especialmente, o Complexo de Wat Phra Kaew, que significa Capela
Real e que contem o Templo do Buda Esmeralda, o templo mais sagrado da
Tailandia, e muitos dos melhores e mais ilustrativos exemplos da arte e cultura
budista na Tailandia.
Foto: Wat Phra Kaew
Rodrigo Nascimento

Istambul, a antiga Constantinopla, é uma cidade monumental, com muita história e monumentos e onde, durante séculos, conviveram culturas, povos e religiões muito diferentes. A cidade, que hoje vemos, é o resultado do enriquecimento a que foi sujeita por ter sido a capital do Império Romano do Oriente e do Império Otomano e marca, também, a fronteira entre dois mundos, a Europa e a Ásia.
A lista de monumentos de interesse é enorme, e destaco a Basílica Santa Sofia, a Mesquita Azul, o Palácio TopKapi, a Cisterna Yerebatan Saray, o Palácio Dolmabahçe, a Torre Galata e a Mesquita Suleymaniye, entre muitas outras mesquitas.
Uma atração completamente diferente é o movimentado e colorido Grande Bazar, onde nos podemos perder em vários sentidos, com lojas de tapetes, produtos em pele, candeeiros, tecidos, doçaria, especiarias turcas, entre muitas outras.
Foto: Mesquita Azul
Rodrigo Nascimento

Roma é uma das cidades que, porventura, mais visitei e onde posso voltar, porque
nunca me cansa.
Tropeçamos num
pedaço e história em cada esquina.
Da primeira vez
que vais, queres ver tudo e há tanto, mas tanto, para ver: o Coliseu, o Panteão, o
Castelo de Santo Ângelo, o Fórum Romano, a Basílica de São Pedro, a Capela
Sistina, a Fonte di Trevi, a Piazza Navonna …
Quando já
visitaste quase tudo, sim, quase, porque nunca consegues ver tudo, então sim, podes voltar e desfrutar.
Olhar cada
detalhe dos inúmeros monumentos e estátuas, parar numa das imensas esplanadas,
naquelas ruas super estreitas, onde as motos passam a grande velocidade e ficar
a ver a vivência das gentes. Ficar aí sem tempo, simplesmente a observar e a
ouvir o canto e encanto desta língua tão alegre e musical. Ou passar por
Trastevere à noite, apreciando o movimento noturno e a boa comida.
Voltei muitas
vezes a Roma, umas vezes em trabalho, outras em férias e um dos meus sonhos era
poder levar os meus pais a ver uma missa na Praça de São Pedro. Não consegui mas, em 2016, levámos os meus sogros e tivemos a sorte e o privilégio de ter o
Papa Francisco a celebrar a missa. Foi um acontecimento que deixou os meus
sogros de alma cheia.
Roma é Vida,
Roma é História!!!
Hélia Jorge
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Fui a Florença apenas uma vez, numa viagem inesquecível que fiz à Toscânia.
Estivemos apenas 4 dias mas deu para sentir a presença da arte nesta cidade.
Imperdíveis o Duomo, o Batistério , o Museu Uffizzi e o Palácio Pitti.
Mas Florença é mesmo um local para se deambular sem destino e usufruir do que a cidade tem para nos oferecer.
Ir até à Piazza della Signoria e admirar as belas estátuas, entre a quais a réplica da estátua de David, enquanto desfrutas de um gelado.
Ouvir música na rua, um pouco por todo o lado, ou num concerto, numa igreja, onde podes desfrutar da beleza do local e da magnífica acústica.
Atravessar a ponte Vechhio e admirar a paisagem.
Passar uma tarde a observar os artistas a pintar e, quem sabe, fazer como nós, que nos deixámos contagiar, sentar no chão, pegar num bloco e num lápis e começar também a rabiscar uns traços.
E, pelo menos uma vez, comer na Trattoria Da Mario, um sitio minúsculo, onde não há lugares marcados, te sentas onde calhar, mesmo separado das pessoas com quem entraste, mas desfrutas de verdadeira comida italiana, enquanto os vês cozinhar.
Uma cidade onde certamente voltaria.
Florença é Arte!!!
Hélia Jorge

Já fui várias vezes a Amesterdão e é uma das cidades, a par com Barcelona e Roma, que adoro e à qual gosto de voltar.
Lembro-me bem da semana de férias que passei com o Tomaz e o meu filho Miguel em Amesterdão em 2007.
Alugámos 3 bicicletas e calcorreámos tudo.
As bicicletas de Amesterdão são muito confortáveis, tipo "pasteleira," com bons assentos, mudanças qb e o cestinho das compras à frente que dá sempre jeito.
Acho que foi a primeira vez que visitámos uma cidade deste modo. Depois disso já o fizemos várias vezes.
Visitar uma cidade a pé é muito bom mas nem sempre as pernas estão ao nível da nossa curiosidade.
Visitar uma cidade de bicicleta numa cidade praticamente plana como é Amesterdão é o ideal.
Temos uma sensação de liberdade, ora agora estamos numa ponta da cidade ora estamos noutra. Vemos um moinho e paramos, vemos uma feirinha e paramos, vemos um parque onde te podes estender na relva, descansar as pernas, dormir uma soneca ou simplesmente observar as gentes que passam e paramos…
Subir e descer as pontes dos imensos canais da cidade, admirar as casas ao longo do canal e também as casas/barco que estão encostadas nas suas bermas, todas floridas, é um encanto.
Um das vezes vimos a sair de um jardim uns noivos de bicicleta vestidos a rigor, ela de vestido branco vaporoso e grinalda na cabeça ele de smoking e lacinho.
De outra vez passámos por um café que tinha a particularidade de em vez de mesas e bancos cá fora tinha umas camas penduradas e foi aí, meio deitados nas camas, que almoçámos, que para quem conhece os holandeses sabe que o almoço é uma sandes de pão escuro e uma bebida.
Na família adoramos música ao vivo e não perdemos uma oportunidade. Tivemos a sorte de nessa semana, mesmo ao lado do nosso hotel, cantar a Sara Tavares.
Nesta viagem no meio das nossa deambulações pela cidade, a dada altura o Miguel disse "estou a ouvir música, paramos!"
Era um daqueles bares que não dás por ele, só mesmo conhecendo, e onde alguns músicos veteranos tocavam blues e jazz do melhor.
Ficámos toda a tarde, foi muito bom.
Amesterdão é um local para deambular e desfrutar!
Hélia Jorge